mercredi
1er septembre 2010
Dois mil trezentos e quarenta euros.
Não é o preço de um vestido de altacostura.
É o preço de uma vida humana nos fornecedores da H&M.
No passado dia 21 de Fevereiro, pela terceira vez em menos de um ano, um incêndio “acidental” eclodiu na empresa têxtil Garib e Garib, em Dhakka, no Bangladesh. Já em Agosto de 2009 duas pessoas tinham morrido nesta empresa devido a um primeiro incêndio. Em Fevereiro de 2010, foram 50 os trabalhadores que ficaram gravemente feridos e 21 os que morreram no incêndio.
A H&M, principal cliente da Garib e Garib, perante a indignação internacional suscitada por este drama, sentiu-se obrigada a fazer um gesto. Atribuiu pomposamente às famílias das vítimas 2340 euros de “compensações”. Eis o preço da vida de um trabalhador para a H&M.
Este género de “acidente” é frequente no Bangladesh. São incontáveis os mortos carbonizados nas suas fábricas, porque os patrões encerram os trabalhadores nas oficinas. Estes incêndios têm frequentemente por origem uma instalação eléctrica defeituosa, sem manutenção, e uma ausência de medidas de segurança elementar nos locais de trabalho. Porquê investir milhões em segurança ? Dado o preço da vida humana, os patrões não têm razão para se privarem... Sobretudo quando se acaba de saber que a H&M pagou tão só 60 (SESSENTA) euros de impostos sobre as suas sociedades em 2008 num país onde se abastece em grande escala !!!
Os têxteis representam 80% das exportações anuais do Bangladesh e as suas fábricas empregam 40% da mão-de-obra industrial do país, na maior parte feminina. O salário médio é de cerca de 20 (VINTE) euros por mês. Em Abril, o governo comprometeu-se em aumentar os salários mas um grupo de proprietários de 4500 fábricas conseguiu fazer limitar os salários a 23 euros...
Contudo, os operários do Bangladesh começam a estar fartos de ser os “fusíveis” da indústria têxtil, e nos últimos meses as revoltas vêm-se multiplicando. Violentos movimentos de protesto, envolvendo dezenas de milhares de operários dos têxteis, levaram ao encerramento de 700 fábricas que fornecem as maiores marcas ocidentais de vestuário. No dia 19 de Junho, 50.000 trabalhadores dos têxteis que se manifestavam pelo aumento dos salários saquearam várias fábricas na zona industrial a norte da capital Dhakka e bloquearam estradas. A polícia reagiu, ferindo mais de 100 operários. Mas curiosamente, os nossos media não tocaram no assunto, muito preocupados que estavam com os assuntos milionários do Mundial de Futebol...
Não, não é a última taxa dos saldos. É a percentagem de assalariados da distribuição e do comércio que consideraram o seu trabalho fisicamente fatigante (contra 75% em 1998) num inquérito oficial realizado em França em 2007. No ano passado, em todos os sectores da distribuição, contaram-se mais de 30.000 acidentes de trabalho e o número de doenças profissionais está em aumento constante. Na H&M de França tiveram lugar numerosas greves nestes últimos anos para denunciar as condições de trabalho e a pressão, incluindo a psicológica, que pesa sobre os assalariados, levando mesmo a tentativas de suicídio.
Zero euros, é o que toca doravante a Diego, de uma loja H&M de Madrid após ter sido forçado a assinar “voluntariamente” a sua demissão, o que o priva de qualquer direito a uma indemnização. Diego, que trabalhou dois anos nesta loja sendo reconhecido como um assalariado “sem problemas”, foi pois constrangido sob pressão psicológica da sua direcção a assinar a sua própria carta de demissão. O motivo ? Nenhum. Apenas a política do medo, para economizar à custa dos assalariados, dando um exemplo aos restantes, fazendo-os compreender a sua “sorte” nestes tempos de “crise” e que não têm vantagem nenhuma em queixar-se. Esta crise, durante a qual empresas como a H&M continuam a obter lucros monstruosos (para a H&M 1,3 MIL MILHÕES no primeiro semestre, com um aumento de 22% no primeiro trimestre), somos nós, os trabalhadores, aqui e em todo o lado, que a pagamos com os despedimentos, com a precariedade e por vezes com a própria vida.
Mas o Diego decidiu não permanecer só face ao seu empregador. Juntamente com outros colegas e com companheiros da CNT-AIT decidiu não se deixar ficar e contra-atacar. Foram organizadas acções de protesto em frente da sua loja e de outras da mesma cadeia, para exigir a sua reintegração na empresa, com o reconhecimento de todos os seus direitos.
Uma corrente de solidariedade internacional está em vias de se iniciar, outros piquetes de protesto tiveram lug ar em frente de outras lojas da mesma cadeia, em Espanha, na Polónia, em França...
Qualquer um pode, se quiser solidarizar-se, reproduzir e distribuir este texto em frente de uma loja próxima de si.
Face ao teu explorador não fiques só ! A união faz a força !
A solidariedade é a nossa arma !
CNT-AIT, secção francesa da AIT
Tradução de um artigo publicado em [→ http://cnt-ait.info]
Boletim Anarco-Sindicalista nº 36 (Julho-Setembro 2010)
AIT - Secção Portuguesa http://ait-sp.blogspot.com/
L'Actualité de l'Anarcho-syndicalisme sur votre
site : backend.php3.
Site developpé avec SPIP,
un programme Open Source écrit en PHP
sous licence
GNU/GPL.